Pacemaker


O coração é um músculo que contrai repetidamente, cerca de 100 mil vezes por dia. O ritmo e a frequência dessas contrações são controladas por um sistema elétrico. Esse sistema é formado por uma zona especializada de formação do impulso elétrico e tecidos especializados na sua condução a todo o coração. O sistema elétrico cardíaco recebe continuamente informações do corpo, através de nervos e das hormonas em circulação, das necessidades corporais de bombeamento de sangue. Assim, adapta a frequência cardíaca às exigências do momento, aumentando por exemplo durante o exercício e diminuindo durante o sono. Quando existem perturbações do sistema elétrico especializado surgem as arritmias.

As doenças do ritmo cardíaco podem provocar uma frequência cardíaca demasiado baixa, as chamadas bradiarritmias, ou demasiado elevada, as chamadas taquiarritmias. No caso das bradiarritmias, quando provocam sintomas ou põem em risco a vida do paciente, é necessário trata-las com a implantação de um pacemaker.

O pacemaker é um dispositivo eletrónico, programável, que vai desempenhar as funções que um coração doente com bradiarritmia não consegue. Ou seja, vai gerar e conduzir um impulso elétrico até ao músculo cardíaco. Dessa forma, vai controlar o ritmo e a frequência cardíaca, impedindo que desça abaixo de um limiar pré-programado. Tal como o coração saudável, reage aos estímulos corporais para aumentar a frequência cardíaca. Um pacemaker moderno dispõem de sensores que permitem aumentar a frequência cardíaca quando disso há necessidade. O pacemaker é constituído por um gerador que fica implantado debaixo da pele, na região peitoral, e por um ou dois eletrocateteres que ligam o gerador ao coração. Veja a ilustração abaixo:





A implantação

 

O procedimento de implantação de um pacemaker consiste numa pequena cirurgia realizada sob anestesia local. A duração é variável, habitualmente entre 30 minutos a 1 hora. O desconforto é mínimo e obriga, no máximo, a uma noite de internamento. Nos dias anteriores pode ser necessário suspender alguns dos medicamentos que toma. Nesse caso, o seu médico assistente dará previamente essas orientações.

Veja o video:


 

Viver com um pacemaker

 

Limitações

O pacemaker foi implantado porque se considerou que os benefícios ultrapassavam os riscos. Agora que é portador de pacemaker é de esperar que a sua qualidade de vida seja melhor. Contudo,  existem algumas pequenas limitações a ter em conta:

1- Ressonância magnética: a maioria dos pacemakers são incompativeis com a realização de uma ressonância magnética. O seu médico terá que utilizar outro tipo de exames.  Em alternativa, quando se entende que a ressonância é indispensável, o pacemaker é desligado antes da ressonância e reprogramado em seguida. Nem sempre isso é possivel, pois alguns pacientes estão totalmente dependentes do seu pacemaker. Atualmente existem pacemakers que podem ser submetidos a ressonâncias. 

2- Detetores de metais: devem ser evitados. No aeroporto apresente o seu cartão de portador de pacemaker. 

3- Aparelhos elétricos: qualquer aparelho elétrico tem a potencialidade de criar um campo eletromagnético que pode interferir com o funcionamento do pacemaker. Contudo, na prática, a hipótese dessa interferência ser relevante é remota. Tenha apenas o cuidado de não utilizar aparelhos danificados (por exemplo, um barbeador elétrico com rotura do isolamento do fio) e de manter um certo distanciamento entre o aparelho e o seu pacemaker (por exemplo não guardar o telemóvel no bolso do peito e utiliza-lo no lado da face contrário ao do gerador). Mesmo que ocorra alguma interferência, o mais provável é que mal termine de usar o aparelho não resultem quaisquer danos permanentes no pacemaker e este volte a funcionar normalmente. Obviamente, se persistirem sintomas como tonturas ou desmaios deve consultar o seu cardiologista assistente para examinar o pacemaker.

 

Acompanhamento

Após a implantação de um pacemaker é fundamental o acompanhamento por uma consulta especializada. Nessa consulta, o funcionamento do seu dispositivo será avaliado e, se necessário, efetuada a sua reprogramação. Também serão analisados os registos do ritmo cardíaco próprio,  à procura de arritmias e do grau de dependência do ritmo gerado pelo pacemaker. Por último, é analisado o nivel da bateria e estimada a duração previsível até ser necessária a substituição. 

 

A substituição

A bateria de lítio do seu pacemaker,  tal como do seu telemóvel ou computador, vai se gastando com o uso. Mas, ao contrário do telemóvel, não é possível, nos modelos atuais, o recarregamento. Por isso, quando a bateria se esgota o gerador do pacemaker tem ser substituído. O tempo que demora até ser necessária a substituição depende da utilização maior ou menor do pacemaker. Alguns pacientes tem o seu pacemaker constantemente a ser utilizado o que obviamente vai gastar mais rapidamente a bateria. Na maioria dos casos a bateria dura entre 5 a 10 anos e o ritmo de desgaste vai ser acompanhado na consulta especializada.



O futuro

 

A tecnologia está em constante evolução e é de esperar que o pacemaker do futuro seja diferente, ultrapassando algumas das limitações e complicações dos actuais

 

A bateria recarregável

Dessa forma eliminava-se uma das grandes limitações dos pacemakers atuais que é a necessidade da sua substituição quando a bateria se esgota. 

 

O pacemaker sem cateter

Já utilizado em Portugal, desde 2015, consiste num pequeno dispositivo que, através de uma veia, é colocado diretamento no coração. Elimina a necessidade de eléctrodos e da implantação de um gerador numa bolsa subcutânea na região peitoral, que são duas fontes importantes das complicações dos pacemakers atuais.

Veja o vídeo: